A construção dos personagens, os temas e conflitos recorrentes, a estrutura visual e narrativa da série são cuidadosamente dissecadas, e conceitos clássicos da psicologia Junguiana como o curador ferido e o puer aeternus são explorados.
O curador ferido é um arquétipo da psicologia Junguiana, que tem no mito de Quiron uma das melhores representações das polaridades saúde e doença. Na mitologia grega, Quiron, filho de Cronos e de Filira, se tornou o mais sábio dos centauros. Foi ele quem ensinou a arte da cura a Asclépio, que se tornou depois o deus da Medicina. Quando Quiron foi atingindo pela flecha envenenada de Hercules, porém, todo este conhecimento não foi suficiente para curá-lo. Como Quiron era imortal, o ferimento causado jamais curaria, causando dores terríveis e intermináveis.
O puer aeternus (do latim “jovem eterno”) é outro arquétipo da psicologia Junguiana, caracterizado pela eterna imaturidade, que pode levar a problemas psicológicos como o narcisismo, a indisciplina, e a inabilidade de desenvolver uma perspectiva adulta apropriada à vida.
Estes elementos estão indubitavelmente presentes na construção do personagem do médico genial, rebelde e ferido (física e emocionalmente) de Gregory House.
Editado pelos acadêmicos britânicos Luke Hockley (Media Studies, University of Bedfordshire) e Leslie Gardner (Psychoanalytic Studies, University of Essex), o livro vem com um glossário das principais terminologias Junguianas, o que permite que possa ser apreciado mesmo por aqueles fãs da série que não possuem maior familiaridade com esta escola da psicologia.
O primeiro capítulo, intitulado “Gregory House: physician, detective or shaman?”,está disponível para download aqui.