15 janeiro, 2011

Televisão + Pop Art


Ilustração de Dyna Moe para Mad Men. Clique para ver mais.

Séries como Mad Men, Lost, Dexter, True Blood e Law & Order, além das clássicas e cultuadas Twin Peaks, Arquivo X, Buffy e Seinfeld, fazem parte de um crescente fenômeno da cultura pop, o da arte baseada em séries de TV. Não me refiro exclusivamente a produtos com a marca do show licenciados pelas emissoras e produzidos em massa (que merecem um estudo à parte), mas a obras vendidas em galerias de arte, que chegam a custar até mais de US$ 1.000,00.

A fan art, a arte produzida por fãs e para fãs, costumava limitar-se a meros desenhos amadores. Mas a dramaturgia televisiva, que tem hoje em dia um conteúdo (e um público) bem mais sofisticado, tem servido de rica fonte de inspiração para ilustradores profissionais.

Para Jace Lacob do jornal Daily Beast, o sucesso destes novos "artistas-fãs" marca uma importante transformação no cenário da cultura pop. Ele acredita que a TV criou uma nova categoria de pop art que, difundida na internet e nas mídias sociais, fomenta e simultaneamente sacia o desejo de um público ávido e consumista, que deseja possuir algo exclusivo do seu programa favorito, que não pode ser encontrado no shopping ou na loja de departamentos.

Esse tipo de comportamento, típico dos fãs da nova era televisiva, vale tanto para séries atuais e como antigas e/ou canceladas. Em alguns casos, como aponta o especialista em fan culture (termo que em português seria algo como "cultura dos fãs", ou dos aficcionados), Matt Hills, a fidelidade à série muitas vezes se intensifica após seu cancelamento. Para estes “orphan-fans”, como o pesquisador os define, o desejo de possuir algo palpável, único, que seja motivo de orgulho, é ainda maior. Ele acredita que a popularidade deste tipo de artefato está relacionada a “collector’s mentality” da nossa sociedade contemporânea.

Outro especialista em cultura participativa, Henry Jenkins, defende que na cultura da convergência, a mídia corporativa e a mídia alternativa se cruzam, da mesma forma que o poder dos produtores de mídia e dos consumidores finais. Assim, no atual ambiente transmidiático, fãs de TV tenderão cada vez mais a criar suas próprias reinterpretações de conteúdo, como mash-up videos, fan art, fan fiction, fan films, e distribuir suas obras ao mundo inteiro pela internet.

Para os fãs com maior poder aquisitivo, as opções são variadas. Para os menos privilegiados, há sempre opções mais em conta, e basta substituir a galeria de arte pelas livrarias ou pelo e-Bay. Um pouco menos exclusivo talvez, mas para alguns extremamente gratificante.Os artistas mais celebrados no momento incluem:

Betty Draper num ataque de fúria: hilária referência
ao disco London Calling do The  Clash
Dyna Moe:

Em 2007, a então pouco conhecida designer gráfica criou um cartão de natal inspirado em Mad Men para um amigo ator.

Ela não imaginava que aquela ilustração seria o início de uma jornada de sucesso que já dura três anos, durante os quais ela já produziu inúmeros materiais promocionais, além do website Mad-Men-Yourself (onde se pode criar avatares no estilo anos 60) e recentemente o livro Mad Men: The Illustrated World, uma divertida coleção de ilustrações que esgotou no primeiro dia de vendas na Amazon.com.


“A época em que Mad Men é ambientado é muito inspiradora”, diz ela, “e permite contrastar as storylines de desespero e frustração dos personagens com o leve e inocente estilo pop art tão usado na época para vender sabonetes, cereais e cigarros”.





El Lohse:


Os trabalhos de El Lohse homenageiam séries contemporâneas como 30 Rock e The Office, e clássicos como Mary Tyler Moore (imagem ao lado) e As Super Gatas, além de vários ícones da TV dos anos 80.

“Minha arte se difundiu ao redor do mundo através das galerias de arte e também através de trabalhos encomendados por clientes, como os produtores da série The Office”, escreve El em seu website.


Ty Mattson: 


O ilustrador se destacou depois de criar uma edição limitada de cartazes inspirados na série Lost, que acabaram sendo colocados à venda no site da ABC. Como a série já possuía uma mitologia e uma narrativa muito complexa, ele preferiu criar algo mais minimalista e abstrato, usando grafismos simples mas elegantes.

Posteriormente ele criou ilustrações baseadas na série Dexter, focando na contradição entre o ambiente tropical e festivo da Flórida e a violência da trama. Em entrevista ao Daily Beast, ele diz: “Como o marketing de Dexter normalmente remete à natureza macabra da série, eu quis criar algo leve, que lembrasse um panfleto turístico antigo de Miami".




Outros artistas que usam a TV como inspiração incluem Kiersten Essenprei (que também faz ilustrações de tweets), Mark Bodnar e Tim Tomkinson, que em 2009 participaram da exposição Idiot Box, na 1988 Gallery de Los Angeles. Abaixo estão algumas de suas obras:

Trabalho de Kiersten Essenprei inspirado em Twin Peaks

Mark Bodnar, inspirado em Lost


Tim Tomkinson, inspirado em Arquivo X e Alfie

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