07 junho, 2013

Muito além dos Manolos Blahniks e dos cosmopolitans

Imagens compartilhadas ontem por fãs em homenagem à data. Para ver mais digite #SATC15 no Instagram, Twitter ou Tumblr.


Ontem a minha série do coração, Sex and the City, fez 15 anos. Em 6 de junho de 1998 estreava um marco na história da TV, e nascia um ícone cultural que foi, é, e sempre será uma referência para o público feminino. Não pelo sexo, nem pela moda. Mas pela construção de uma narrativa que - embora à primeira vista pareça superficial para os "leigos" - era centrada em torno da vida de quatro mulheres adultas, inteligentes, urbanas e sexuais. Sim, sexuais. E sem pedir desculpas por isso. No decorrer daqueles seis anos, as cenas recheadas de conversas sobre sexo (bem mais frequentes do que o “ato” em si) deixaram muitos homens desconfortáveis. Não por pudor, mas pelo fato de eles serem pela primeira vez na história da TV retratados como objetos sexuais - uma situação um tanto desagradável com a qual as mulheres lidam há anos na publicidade (thanks, Don Draper...) e na mídia em geral.

Me considero uma mulher de sorte. Não só porque tive a chance de assistir SATC em tempo real na TV (no Brasil, nos EUA e na Inglaterra), por ter amigas de diferentes continentes que dividem comigo esta devoção, ou porque tive a oportunidade de escrever minha dissertação de mestrado sobre o tema (e ainda por cima com a orientação da super fabulosa Janet McCabe). Mais do que tudo isso, sou privilegiada por ser contemporânea deste momento divisor de águas, por enxergar SATC como uma história de autoconhecimento e amizade, muito além dos Manolos Blahniks e dos Cosmopolitans, dos Bigs e dos Bergers. 

E por ter quase a mesma idade da protagonista Carrie, tenho sorte também de ter vivenciado outro momento divisor de águas: a primeira imagem de Madonna na tela da TV, para sempre gravada no imaginário das adolescentes da década de 80, brindadas com uma nova forma de ver o feminino. Não ditado pelo masculino, nem ditado por sisudas feministas, mas ditado por uma mulher em controle do seu próprio corpo e imagem. Longe de ser a forma “correta”, era pelo menos uma “outra” forma, uma alternativa àquelas identidades femininas que nos eram oferecidas até então. Um longo caminho ainda pela frente, no doubt. But with a little help from our friends, we'll get there.

E como não poderia faltar o momento “I couldn’t help but wonder...”, aqui vai. Talvez as meninas nascidas nos anos 2000 nunca percebam o quanto têm sorte de já ter o caminho aberto por estas duas referências culturais. Mas talvez ninguém tenha mais sorte do que a minha própria geração, que vivenciou o "pré" e o "pós". Happy birthday SATC. Happy birthday to us all, girls.


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