04 agosto, 2011

Filme? Websérie? Game? “INSIDE” é entretenimento 2.0



Artigo originalmente postado no blog O Café.



@ChristinaP887: AJUDEM-ME. EU FUI SEQUESTRADA. LIGUEM PARA A POLÍCIA. ISTO NÃO É UMA BRINCADEIRA. ESTOU REALMENTE ASSUSTADA.

Com este tweet, em 25 de julho de 2011, ChristinaPerasso deu a largada neste que é um dos projetos transmídia mais elaborados (e sinistros) da década. Insideque está programado para “concluir” hoje, é um thriller interativo patrocinado pelos gigantes Toshiba e Intel, onde as redes sociais são parte integral da trama.

Christina (Emmy Rossum) é uma jovem de Seattle que é sequestrada. Sem ter como escapar, sua única forma de contatar o mundo exterior é através de um laptop, deixado ali pelo seu captor, que quer que ela use a Internet para pedir ajuda. Através das redes sociais ela contata a sua mãe, Cathy, as amigas Emma Jennifer, além de Kirk (o misterioso ex-namorado) e um detetive particular. Novos personagens vão surgindo, postando mensagens, fotos e vídeos no Facebook, Twitter e YouTube, e todos eles interagem com o público (na primeira semana a página de Christina no Facebook conquistou mais de 20.000 seguidores). Em Inside, o público é convocado a ajudar, tornando-se assim parte da trama, costurada por uma série de enigmas sobre o passado da protagonista e complexas charadas que têm deixado muita gente acordada na madrugada, na tentativa de decifrá-las juntamente com participantes de fusos horários diversos.

Comentário aterrorizado da mãe de Christina ao reconhecer a foto da filha no background do bilhete.
A idéia central é experimentar o conceito de cinema social – destaco aqui o verbo “experimentar”. Afinal, todas as vezes que iniciei uma conversa sobre o tema, me deparei com uma questão linguística: qual o verbo certo? “Você está assistindo?” Não é bem o caso. “Você está jogando?” Também não. Afinal, não se trata de cinema no sentido literal, pois é seriado e participativo (e nem está listado entre os trabalhos de Emmy Rossum no IMDB). Mas também não chega a ser uma websérie, apesar de todos os episódios estarem online. Por isso talvez o verbo mais adequado, ao menos por enquanto, seja “experimentar”, como o próprio slogan já diz.

Chame de experiência social, ficção colaborativa, transmedia storytelling, inteligência coletiva, ARG, gamificação, twittertainment, branded content, chame do que quiser, buzz words não faltarão. Mas sejam quais forem as terminologias usadas, uma coisa é certa: “We’re not in Kansas anymore”, como diria Dorothy no Mágico de Oz.
Mais uma pista sinistra deixada pelo sequestrador.

Inside é uma forma de produzir e consumir entretenimento própria desta época, que está sendo chamada de “era da imersão”. Somos participantes ao invés de espectadores, somos produtores de conteúdo e não apenas consumidores. As linhas divisórias entre conteúdo e marketing, narrador e audiência, nunca estiveram tão embaralhadas. Estas novas narrativas participativas (que ensaiaram seus primeiros passos na campanha de lançamento do filme Batman – O Cavaleiro das Trevas) nos convidam a mergulhar em um faz de conta virtual, e como Dorothys às avessas, batemos três vezes nossos sapatinhos vermelhos. Não para voltar ao mundo real, mas sim para escapar dele. No lugar dos sapatinhos, precisamos apenas de uma conexão, um username e uma rede de contatos – exatamente as três coisas que o sequestrador de Christina Perasso permite que ela tenha acesso.

E tamanho foi o envolvimento gerado pelo projeto que um fan video acaba de ser postado no YouTube. Trata-se de um tributo, onde participantes de diferentes localidades agradecem às marcas Intel e Toshiba pela incrível experiência. Assista ao vídeo abaixo.



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Um comentário:

Carlos Ribeiro disse...

Parece interessante! Abraços

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