Em sentido horário: Little Dorrit, Bleak House, Tipping the Velvet, He Knew He Was Right, Little Dorrit, Orgulho e Preconceito |
Andrew Davies. O nome não soa familiar? Pense numa adaptação de um clássico literário, uma daquelas extraordinárias produções de época que a televisão inglesa - em especial a BBC - sabe fazer com incomparável competência. Lembrou de alguma? Pois é muito provável que tenha sido adaptada para a telinha por Andrew Davies, um dos mais requisitados e bem sucedidos roteiristas quando o assunto é adaptação de clássicos da literatura britânica. Entre seus vários trabalhos destacam-se:
House of Cards (1990), Emmy de melhor roteiro
Middlemarch (1994), WGA de melhor roteiro
Orgulho e Preconceito (1995), WGA de melhor roteiro
Emma (1996)
Wives and Daughters (1999)
Tipping the Velvet (2002)
He Knew He Was Right (2004)
Bleak House (2005), BAFTA de melhor roteiro
Northanger Abbey (2007)
Razão e Sensibilidade (2008)
Little Dorrit (2008), Emmy de melhor roteiro
Aqui estão 10 dicas deste premiado roteirista sobre como adaptar um clássico literário para a TV, publicadas no jornal The Telegraph e traduzidas abaixo:
1. Leia e releia o livro. Mergulhe na história, nos personagens, na língua, nas emoções que a obra faz emergir. Só assim você poderá detectar as passagens ideais para dramatizar, e aquelas que darão um pouco mais de trabalho.
2. Pergunte-se: por que este livro, e por que agora? Muitos livros lidam com temáticas atemporais, relevantes através dos anos. Um romance que se passa nos EUA durante a Grande Depressão do final dos anos 20, por exemplo, pode ter muitos paralelos interessantes com a atual crise econômica mundial, por exemplo. Em The Way We Live Now, que se passa na Inglaterra de 1875, usei o famoso discurso “A ganância é boa” de Gordon Gekko do filme Wall Street como referência para uma fala de Melmotte, um personagem ganancioso e trapaceador.
3. Pergunte-se: sobre quem afinal é essa história? Nem sempre é óbvio. Em Orgulho e Preconceito, Jane Austen conta a história do ponto de vista de Liz Bennet. Mas a história é também sobre a jornada de Mr. Darcy. Então eu permiti que a audiência visse Darcy a sós, ou com outras pessoas que não Liz, para que também o conhecem e o compreendessem melhor.
4. Não tenha medo de fazer mudanças, principalmente na abertura da história. Na ficção literária, especialmente nos clássicos de época, os primeiros parágrafos costumam trazer com um texto mais brando, para introduzir a história ao leitor de forma mais suave. Na TV precisamos abrir com uma cena visualmente (e emocionalmente) forte, causar uma forte impressão imediata, para prender a audiência.
5. Não comece sem ter um plano. Tente começar com uma idéia clara de quantos episódios terá, e como cada um deles terminará, qual será o “gancho”. Conceber a estrutura de uma história seriada é uma das tarefas mais difíceis, especialmente se baseadas em textos extensos e enredados como Bleak House e Vanity Fair.
6. Nunca use uma fala se puder alcançar o mesmo efeito com um olhar. Uma das cenas mais tocantes da minissérie Orgulho e Preconceito, por exemplo, é quando Liz salva a irmã de Mr. Darcy de um momento embaraçoso na sala de música de Pemberley. Nenhuma fala poderia ser mais eficiente do que o olhar trocado pelo casal naquele momento.
7. Reduza os diálogos, mantenha a essência do autor. Sem dúvida os diálogos são importantes, em especial quando produzidos por talentosos escritores. Mas às vezes é possível preservar a essência do texto usando somente os melhores trechos.
8. Por que escrever cenas que não existem no original? Simples, porque a ficção na TV é muito diferente da literária. Às vezes é preciso inventar cenas inteiras para amarrar melhor a historia, e neste caso é importante cuidar para que os diálogos soem naturais, ou seja, que conservem o tom do autor.
9. Evite voice-overs, flashbacks e personagens falando direto para a câmera. Este tipo de recurso pode “roubar” uma cena, transferindo a atenção da trama para o recurso em si. Tendo dito isso, confesso que já usei os três recursos. E com o ator certo dirigindo-se para a câmera, como o brilhante Ian Richardson em House of Cards, o resultado pode ser fantástico.
10. Quebre as regras quando sentir que é a coisa certa a fazer.
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Um comentário:
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