19 janeiro, 2012

Sobre o laugh track: do adoçante ao bizarro

Será que existe alguém sentado na frente da TV, assistindo a um episódio de Modern Family, The Middle, 30 Rock, The Office, Parks and Recreation, ou Curb Your Enthusiasm, e pensando: “Puxa, bem que esta série poderia ter uma laugh track...” Duvido. Porque este recurso não faz mais sentido para a audiência contemporânea. Muito pelo contrário, ele tende a afastar alguns nichos do público. Foi o que testemunhei recentemente ao observar um grupo de jovens assistindo The Big Bang Theory. Entre este grupo, o comentário era exatamente o oposto: “Esta série ficaria bem melhor SEM laugh track...”

Claro, séries clássicas, que tanto amamos, como Seinfeld e Friends, tiveram sua dose de sweetening (como é chamado pelos produtores, justamente por injetar uma pitada de “açúcar” nas cenas que nem sempre têm o efeito esperado com a live audience). Mas isso era nos anos 90 (lembrando, é claro, começou lá nos anos 50). Hoje o público está mais maduro, sofisticado, e seria melhor para todos se as emissoras se convencessem de uma vez por todas que estamos prontos para pedalar sozinhos sem as rodinhas traseiras. O público ficaria grato, assim como os atores e roteiristas de qualidade. Afinal, sem a pitada de açúcar, as piadas precisariam ser REALMENTE engraçadas.

Quer saber onde o laugh track funciona de verdade? Em dramas. Esqueça o adoçante. O “efeito bizarro” é bem mais poderoso, como já provaram Oliver Stone em Natural Born Killers (1994), e David Lynch em Rabbits (2002). Nestes filmes, os diretores usaram a risada de fundo para fazer um comentário sobre o absurdo da cena.

Quer fazer uma experiência? Então assista aos vídeos abaixo, e veja como uma laugh track pode mudar o sentido e provocar um estranho desconforto quando aplicada sobre dramas como Lost, Dexter e Breaking Bad.  





Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...